Reportagem ao midiamaxnews
Paula Cristina Tocha e Amália Mepatia são dentistas em Moçambique e estão no Brasil para conhecer como funciona o serviço de saúde bucal no país. Elas chegaram ontem (06/04) em Campo Grande para um programa intenso de visitas às unidades de saúde do município e reunião com os profissionais do setor de saúde bucal da rede pública.

Na primeira atividade que participaram, a visita ao CEO III (Centro de Especialidades Odontológicas, localizado no bairro São Francisco), as representantes do Ministério da Saúde de Moçambique já ficaram impressionadas com o que viram. “Para nós, será um desafio tentar implementar o que vemos aqui. Faltam recursos humanos, material de trabalho e ações de prevenção em saúde oral no nosso país”, observou Amália.

Por conta dos problemas enfrentados pelos profissionais de saúde de Moçambique, Amália revelou que “são feitas mais extrações do que obturações” nos pacientes atendidos. Paula complementou as informações da colega dentista explicando que “faltam especialistas em odontologia e condições de trabalho”, exemplificando a carência de produtos para o tratamento dentário, luvas, anestésicos e películas de raio X.

A A impressão positiva que as representantes do país africano estão tendo da rede municipal de saúde tem o respaldo do Ministério da Saúde, que escolheu Campo Grande para implementar o Convênio de Cooperação Internacional, assinado em 2010 entre Brasil e Moçambique. O convênio deve contemplar 40 projetos na área da saúde.

“Campo Grande serve de modelo de gestão preconizada pelo Ministério da Saúde. É uma das cidades do país que se destacam pela estruturação da rede municipal de saúde bucal”, argumentou Moacir Paludetto Júnior, assessor técnico da Coordenação Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde.

O governo brasileiro já realizou quatro levantamentos (pesquisa epidemiológica) sobre saúde bucal: em 1986, 1996, 2003 e 2010. O último levantamento sobre saúde bucal de Moçambique foi em 1979. “Pretendemos capacitar os profissionais de saúde do país africano para que desenvolvam uma política de saúde bucal, apoiando as mudanças necessárias para superar os déficits existentes no setor”, assinalou Moacir.

O chefe do Serviço de Odontologia da Sesau, Gilmar Trevizan, cita os avanços alcançados nos últimos anos. “Investimos na capacitação dos dentistas, na aquisição de equipamentos, na ampliação, reforma e construção das unidades de atendimento odontológico, possuímos dois CEO (Centro de Especialidade Odontológica) e realizamos concurso para novas especialidades (odontopediatria, estomatologia)”, enumerou.

Gilmar lembrou, ainda, que em 2005 o município tinha 47 equipes de saúde bucal no Programa de Saúde da Família, número que, atualmente, chega a 70 equipes de profissionais de saúde bucal. “Além disso, todas as equipes de saúde da família têm profissionais de saúde bucal. Estamos orgulhosos por termos sido escolhidos pelo Ministério da Saúde como referência para mostrar nosso trabalho”, comemorou Trevisan.